O processo de produção do café é algo muito especial e de dedicação exclusiva, porque a garantia de um bom grão depende de diversos fatores e muito estudo desde o clima, influência do vento, tempo de exposição ao sol, até a qualidade e concentração de sais no solo de plantio. Além disto, ainda há o processo posterior ao plantio que é tão importante quanto até a chegada do grão na cafeteria. Na semana passada o Espresso Diário teve a feliz oportunidade de conhecer a Sra. Sheila, proprietária e produtora de café da região Sul de Minas Gerais, que em sua visita ao Juninho Soft Café nos deu a honra de abrir sua propriedade para nós, mesmo que apenas em palavras, e nos contar tudo sobre o desenvolvimento de sua propriedade, ascensão do café da fazenda, e toda a maquinaria por trás da garantia de uma boa produção e distribuição do grão de café. A partir do encantamento repassado a nos, resolvemos no artigo de hoje trazer o mínimo do processo, que por ser tão vultuoso e complexo não se resumiriam apenas nesta página.
Segundo reportagem da revista Cafeicultura, o processo segue da seguinte forma.
I – PLANTIO:
Espaçamento: variável, em função do manejo, do cultivar e da topografia do terreno e, número de plantas por hectare: nos espaçamentos tradicionais, com duas plantas por cova, o número de cafeeiros por hectare varia de 1.600 a 2.000 para porte alto e de 1.900 a 2.400 para porte baixo. Nos plantios adensados, as populações de cafeeiros variam entre 4.000 e 10.000 plantas por hectare. Usam-se mudas com 6 meses de idade (4 a 6 pares de folhas) no período chuvoso (ou com irrigação).
II – CORREÇÃO DO SOLO:
1 – Calagem: a quantidade de calcário a ser utilizada é aquela que eleve a saturação em bases do solo à aproximadamente 70%.
Em terrenos planos, o calcário e deve ser distribuído em área total, metade antes da aração e metade depois ou antes da gradagem. A época de aplicação vai variar conforme a PRNT do calcário e o teor de argila do solo. A aplicação antes do plantio não dispensa a aplicação no sulco ou na cova. Cafezais em formação ou em produção, a análise de solo indicará quando de calcário deve ser aplicado, a aplicação é feita distribuindo 60% do calcário na faixa adubada e 40% no meio da rua.
2 – Gessagem : o gesso é empregado quanto à análise do solo de 20 a 40cm apresentar uma participação do cálcio na CTC e menor que 60% e mostrar que a saturação de alumínio seja maior que 20%.
Antes do plantio o gesso deve ser aplicado após a calagem, distribuído a lanço e sem a necessidade de incorporação. Nos cafezais em produção por ser aplicado juntamente com o calcário, se o solo necessitar de calagem, ou separadamente.
3 – Adubação : a capacidade do solo em fornecer os elementos são avaliadas de modos indiretos, como: diagnose foliar, análise foliar (analisa-se o 3º ou 4º par de folhas do terço médio da planta e ao redor dela, amostrados no verão) e testes bioquímicos ou diretamente através de análise de solo (realizada antes da colheita ou da arruação, no meio da faixa adubada, a amostra deve conter 10 sub-amostras de uma gleba homogênea de no máximo 50ha). A adubação procura cobrir as exigências nutricionais do cafeeiro que não são fornecidas pelo solo. Temos os seguintes tipos de adubação: plantio, formação e produção.
a – Adubação de Plantio : é preciso misturar muito bem o calcário, os adubos orgânicos com a terra (usa-se subsolador de 3 hastes ou outro implemento semelhante) para evitar problemas com salinidade e toxicidade com boro.
Orgânica : pode ser adotado algum destes adubos orgânicos (se possível) :esterco de galinha, esterco de frango (com cama ou puro), palha de café ou torta de mamona. Utilizar materiais curtidos ou aplicar com 45 dias de antecedência.
Mineral: são utilizados os seguintes elementos: fósforo, potássio, boro, cobre, manganês e zinco, dependendo da análise de solo. O nitrogênio é utilizado após o pegamento das mudas, no intervalo de 30 dias, ate o final do período chuvoso.
b – Adubação de formação e de produção : as doses de adubos são calculadas em função da análise de solo e da produção esperada (kg de café beneficiado por hectare). Os adubos são parcelados, num mínimo de 2 e num máximo de 4 vezes, de setembro a maio, deve-se levar em conta os períodos de exigência, as chuvas e o comportamento do elemento no solo. Os adubos devem ser distribuídos da seguinte forma:
· Cafezais não mecanizados a lanço, metade dentro e metade fora da projeção da copa;
· Cafezais mecanizados faixas com largura iguais, metade dentro e metade fora da projeção da copa;
· Cafezais adensados área total, 60% do adubo sob a saia do cafeeiro.
III – PODAS:
1 – Decote:é realizada na metade superior da planta, varia desde 1,20 m até 2,0 m. Indicado para lavouras que não perderam a saia (ramos da parte baixa da planta). Revigora os ramos da base forçando seu crescimento e ramificação e mantém a planta com altura mais adequada para colheita.
2 – Recepa: é o corte do tronco da planta em altura inferior a 0,80m, mas geralmente é realizada entre 40 a 60 cm acima da superfície do terreno. Nos casos de plantas que não perderam a saia, pode-se deixar 1 ou 2 ramos laterais no tronco, chamados “ramos pulmões”, que contribuem para um melhor desenvolvimento da brotação nova e para melhores produções nos primeiros anos. É indicada para cafeeiros que perderam a saia, lavouras afetadas por geadas e para lavouras superadensadas.
3 – Esqueletamento : é o corte dos ramos laterais a uma distância de 20 a 30 cm do tronco do cafeeiro. Nesta poda aproveita-se também para fazer um decote cortando-se o tronco a uma altura superior a 1,20 m. É indicado para lavouras adensadas e superadensadas pois, ela diminui o diâmetro da copa do cafeeiro e renova os ramos laterais. Os cafeeiros esqueletados recompõem mais rapidamente a copa e são menos afetados pelas geadas moderadas do que os cafeeiros recepados.
IV – COLHEITA:
Período: abril a setembro – iniciar quando houver menos de 10% de frutos verdes.
No Brasil, normalmente a colheita é feita por derriça no chão, não é muito recomendada, pois deixa os frutos em contato com o chão, sendo sujeitos a fermentações prejudiciais, tanto no aspecto quanto na bebida, seguido após por abanação, para uma limpeza preliminar. O mais recomendado processo de colheita é a derriça no pano, o café é derriado sobre pedaços de lona colocados sob o cafeeiro, evitando o contato do café com a terra.
A Derriça poderá ser manual ou mecânica:
a – derriça manual : derriça que pode ser no chão ou no pano.
b – derriça mecânica : basicamente são usados dois tipos de equipamentos:
Colhedoras tracionadas por trator ou automotrizes (a declividade não deve ultrapassar 15% para automotrizes e 20% para as tracionadas) e as semi-automáticas ou manuais, sendo acionadas por ar comprimido ou motorizado.
Varrição : Recolhimento dos frutos caídos no chão após da colheita.
Abanação: tem a finalidade de retirar folhas, gravetos e outros objetos.
Repasse : retirada dos frutos que ficaram no pé ou no chão após a colheita, evitando que a broca permaneça.
Após o processo de plantio e colheita, o café passa por outros processos de igual importância que irão permitir que o grão seja selecionado, torrefado, moído, embalado e armazenado para distribuição. E é na ABIC que encontramos o melhor artigo para descrever o processo.
DESCRIÇÃO DO PROCESSO
O processo de fabricação do pó de café é relativamente simples consistindo basicamente nas seguintes etapas: Composição do “Blend” do Café, Torrefação, Moagem, Embalagem e Armazenagem. Ainda que esse processo de fabricação de pó de café pareça ser a primeira vista um processo simples, esse requer como qualquer outro processo uma prática intensa e largos conhecimentos técnicos. Dessa forma aos iniciantes aconselha-se primeiro a busca de um auxiliar químico para orientar o processo, ao mesmo tempo em que deve-se ir testando em laboratório, ou em pequenas escalas o processo de fabricação, e principalmente as várias composições de mistura possíveis de acordo com o paladar do público consumidor desse produto.
COMPOSIÇÃO DO “BLEND” DO CAFÉ
Essa etapa é considerada a mais importante porque requer um grande conhecimento do processo de formação do “Blend” ideal por parte do empreendedor, ou de seu técnico. O “Blend” ideal é definido como sendo aquele que utiliza a mistura correta das variedades de grãos de café conilon e arábica, de tal forma a se obter como resultado um pó de café que tenha um padrão de cor e de sabor que seja bem aceito pelos mercados que se queira atingir. Adicionalmente a este aspecto, deve-se também levar em consideração que devido aos preços diferentes dos cafés conilon e arábica esta mistura para a formação do “Blend” será também responsável, em grande parte, pela formação dos custos do produto final.
TORREFAÇÃO
É o processo em que o café já misturado para a formação do “Blend” desejado é aquecido até o ponto de torra. Neste caso deve-se buscar um equipamento para processar a torra do café que seja mais ou menos compatível com a escala de mercado que se queira produzir. Como nem sempre isso é possível, recomenda-se a compra de um silo para a guarda do café torrado na própria empresa. E a partir daqui o processo de moagem é opcional, porque há a venda de cafés em grão e cafés em pó. Caso haja a necessidade do pó, faz-se necessário o processo seguinte.
MOAGEM
É o processo em que os grãos torrados são triturados até se transformarem em pó fino. Devido ao fato de que é bem mais fácil de se estocar grãos torrados que o café moído, essa etapa só deve ser realizada com a perspectiva concreta de perda do produto no mercado evitando-se assim o seu armazenamento após a moagem. Alguns equipamentos são integrados realizando automaticamente as tarefas de moagem e empacotamento.
EMBALAGEM
O produto pó de café é então empacotado por processo a vácuo ou não, em embalagens de polietileno, ou polipropileno bi-orientado, em unidades de 250 e 500 gramas. Após seu enchimento no peso determinado esses sacos são fechados por uma máquina seladora.
Fonte:
http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?mat=6814#
http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=207