Coado ou Espresso, o café é o que interessa

O café sempre foi item de primeira necessidade em qualquer residência ou estabelecimento comercial, afinal, quem já não precisou dele para recepcionar alguém em casa, ou agradar um cliente da loja. No entanto, foi nos anos 90 que o simples café coado, deu espaço ao destaque merecido ao Espresso. O crescimento vertiginoso do serviço de Espresso no Mundo ocorreu principalmente com o início das competições de Baristas em diferentes países. E justo no auge do então procurado café expresso, exigente, e de qualidade ímpar, no ano de 199, o Brasil experimentou uma das maiores geadas em seu parque cafeeiro, que praticamente tirou as origens paranaenses do mapa dos Cafés do Brasil. O impacto foi tão grande, que levou um aumento no preço do café no mercado internacional a patamares nada palitáveis , o que estimulou o crescimento da cafeicultura do Vietnan. Em poucos anos este país que tanto sofreu nos anos 70 com interminável guerra, rapidamente ocupou o posto de segundo maior produtor mundial de café, apesar de cultivar exclusivamente plantas da espécie canephora ou robusta.

Esta elevação dos preços dos grãos do café arabica forçaram a uma recomposição dos Blends Internacionais (entenda-se grandes torrefações mundo afora, principalmente na Europa e América do Norte), permitindo maior participação de grãos da qualidade robusta. Grãos que diferem pela genética, sendo mais complexa no arabica, que tem o dobro de cromossomos que o robusta. Como resultado, os grãos do robusta têm, comparando-se com o arabica, metade do teor de Açúcares, e o dobro de Óleos (= Gorduras) e de Compostos Clorogênicos (= família da Cafeína). Obviamente, após a torra, o perfil sensorial de um robusta é significativamente diferente do arabica, porém as duas últimas características se tornaram importantes para muitas torrefações européias, principalmente as da Península Itálica. Muitas torrefações daquele país procuram destacar que seus Blends, praticamente em sua imensa maioria para o serviço de Espresso, produzem maior crema e boa consistência, resultado direto do emprego dos grãos de robusta.

Devido o teor de Cafeína & Família, após ingerido, se atingido limite, por exemplo, depois de beber seguidamente 4 xícaras de café, você não se sentirá disposto a beber a próxima xícara, mesmo que seja uma bebida fantástica! É necessário que seu corpo primeiro metabolize a Cafeína, o que pode levar de 4 a 6 horas a depender de cada pessoa, para que a vontade de beber café retorne. Por este efeito, bebidas mais cafeinadas tendem a ter consumo quantitativamente menor. E o que mais preocupa no atual momento do mercado de café industrializado é que nunca se usou tantos grãos de robusta nos blends usados nas cafeterias.

É verdade que hoje serviços especializados na venda de Café, estão retornando o hábito do uso do café coado, em parte ajudado pelo busca na obtenção de bebidas ainda mais aromáticas e saborosas por diferentes métodos. A releitura do Café Coado por empresas que tem apetrechos de belo design desperta muito interesse em seus clientes, que provam cada vez mais do “bom e velho” café coado, porém inovado com métodos de preparo que tem como característica usar filtros que permitem maior retenção dos óleos, assim como fazem a extração mais rápida, diminuindo, assim, os teores finais de Cafeína e dando maior evidência aos sabores adocicados e elegantemente ácidos.

Ainda assim, há quem goste do café expresso, mesmo que o coado venha com louças banhadas a ouro, porque querendo ou não tem-se a sensação de pagar pelo rotineiro café que já se faz em casa, ainda que nem próximo se compare a técnica do barista especialista em cafeínados e nossa técnica rebuscada de ferver água e colocar o pó no coador.

Fato é que segundo o livro História do Café, de Ana Luiza Martins, desde que bons cafés deixaram de ser apenas produzidos para exportação, os brasileiros passaram a apreciar melhor o café e, paradoxalmente, os métodos que concentram sabores – como o espresso – não são os melhores para perceber a qualidade da bebida. É como se as partículas brigassem para chegar ao nariz e à língua. No café coado não há tanto congestionamento e as partículas ficam mais ágeis e melhores para serem degustadas. Ainda assim, os editores do Espresso Diário tem preferência pelo Espresso, cada qual com seu gosto, nada supera o delicioso sabor do café, seja coado ou extraído na máquina de expresso.

Fonte:
http://www.meridiano.com.br/blog/2012/10/cafe-coado-x-cafe-espresso/
http://coffeetraveler.net/os-blends-de-hoje-tem-mais-cafeina/
Imagem: http://www.cafefacil.com.br/blog/wp-content/uploads/cafeg1.jpg

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